![]() |
Almir Ferreira/SCPI IMT
|
Ester Sabino integrou
equipe que fez mapeamento do novo coronavírus
Por
Agência Brasil - Ex-diretora do Instituto de Medicina
Tropical da Universidade de São Paulo e uma das coordenadoras do grupo
brasileiro responsável pelo sequenciamento genético do coronavírus, Ester
Sabino passou por várias áreas em 30 anos de carreira. “As minhas linhas de
pequisa são bastante divergentes”, diz. O ponto em comum em todos os trabalhos
é a busca pelo suporte material adequado para conseguir bons resultados.
“Ciência não se faz sem recursos”, afirma.
Por isso, em vez de
seguir com foco em uma especialização, a pesquisadora optou por guiar a
carreira pelas necessidades apresentadas de tempos em tempos, traduzidas em
disponibilidade de dinheiro nacional ou estrangeiro. “Aqui no Brasil, eu acho
que a gente muda muito de acordo com o recurso. Eu faço pesquisa sob demanda.
Então, muitas vezes, trabalho com assuntos muito diferentes. Porque, se é uma
oportunidade de ter o recurso para fazer, eu vou estudar”, explica.
Do
HIV à Zika
Foi assim que no início
da década de 1990 Ester começou desenvolvendo pesquisas relacionadas ao HIV.
“Era onde tinha mais recursos para trabalhar. Inclusive, a bolsa com que fui
para os Estados Unidos era americana, focada em HIV. Eu gostava de vírus,
queria trabalhar com vírus, foi quando consegui”, conta.
Do HIV, a pesquisadora
passou a atuar com doenças transmissíveis pelo sangue, seguindo para o caminho
dos estudos sobre doenças tropicais na USP, com uma investigação sobre Doença
de Chagas. Tornou-se diretora do instituto, quando começaram a se abrir portas
por causa de nova epidemia de uma doença que também pode ser transmitida pelo
sangue, apesar do principal vetor, assim como a Chagas, ser um inseto: a zika.
“Quando teve a epidemia
de zika surgiram muitas oportunidades e recursos de fora para fazer pesquisa.
Como a gente no instituto tem dificuldade em conseguir recursos, fui atrás. Eu
já era diretora, tinha uma equipe trabalhando com essa questão. Com isso, conseguimos
alguns recursos de fora”, explica sobre os rumos de sua carreira.
O sequenciamento do
genoma do coronavírus foi feito em uma estrutura que estava preparada para
investigar doenças transmitidas por mosquitos, como a zika, a dengue e a febre
amarela. Dessa vez, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp), além da parceria com instituições do Reino Unido.
A repercussão dos primeiros resultados da pesquisa surpreendeu a pesquisadora.
A equipe conseguiu fazer o mapeamento genético do vírus em apenas 48 horas,
enquanto a média mundial é de cerca de 15 dias.
Repercussão
inesperada
“Eu confesso que foi mais
do que eu imaginava. Talvez tivesse alguma notícia no jornal. Mas não imaginei
que tivesse a repercussão que teve”, comenta Ester sobre as manchetes
direcionadas ao trabalho. “Na carreira científica, tenho outros trabalhos muito
mais interessantes”, acrescenta.
Ela explica que mesmo
sendo um bom resultado, é somente o começo do trabalho. “Esse aqui é um pedacinho.
Vão ser necessários pesquisadores do mundo inteiro para tentar combater essa
doença”, ressalta.
Ao observar um trabalho
cientificamente pequeno, em comparação com outros feitos durante sua carreira,
ganhar tanto destaque, Ester passou a refletir sobre como divulgar o
desenvolvimento de pesquisas. “O que eu percebo é que o cientista tem que
começar a aprender a falar com o público. E a gente tem que fazer com que o
público se interesse por ciência e o jovem se interesse pelo cientista”,
destaca.
Divulgação
da Ciência
O interesse pela ciência
pode fazer cientistas amanhã, mostra o exemplo de Ingra Morales Claro, uma das
doutorandas que compõem o grupo de pesquisa responsável pelo sequenciamento do
coronavírus. “Eu sempre quis a área de pesquisa. Desde pequena eu falava que
queria ser cientista”, conta sobre como escolheu o curso de biomedicina,
graduação que concluiu em 2015 na Universidade Federal de Alfenas.
Ingra chegou a trabalhar
na iniciativa privada mas, assim que pôde, se candidatou a uma vaga de
aprimoramento na Faculdade de Medicina da USP. Entrou no grupo coordenado pela
professora Ester, onde conseguiu publicações em revistas científicas
importantes. Assim, foi aprovada para fazer um doutorado sem passar pela etapa
do mestrado.
A pesquisa é sobre o uso
da tecnologia nanopore, o scanner com poros em escala nanométrica – um
milímetro por milhão – usado no sequenciamento do vírus. Para desenvolver o
trabalho passou uma temporada na Universidade de Birmingham, na Inglaterra,
para onde deve voltar para mais um ano de estudos nos próximos meses. “O meu
projeto lá era desenvolver uma tecnologia mais barata, menos complexa e mais
rápida, utilizando a tecnologia nanopore”, resume.
Para Ingra, a repercussão
vem em boa hora, ajuda a população e o Poder Público a entenderem a importância
do investimento em ciência. “É muito bom isso para a gente mostrar que tem
incentivo da Fapesp e tem pesquisadores muito bons aqui”, ressalta.
Viver News – Karine Graeff c/ assessoria
Apoio:
Acit, Ótica Cristal, Essencial Modas, Sicoob Meridional, Lodi, Imobiliária
Plena, Restaurante Filezão, Colégio Alfa Premium, Inviolável, Yara Country
Club, Junsoft, Sicredi, Oesteline, Toledão, Unimed Costa Oeste, Tchibuum
Natação e Hidro, Noite Italiana do Hotel Bella Itália, Unipar, Recanto
Cataratas Thermas Resort & Convention, Rafain Show Churrascaria, Vivaz
Cataratas Hotel & Resort, Coamo, Prati-Donaduzzi, Pharma S. A., Athus
Inglês, Soles Sushi
Comentários
Postar um comentário