LONDRES (Reuters) - Pandemias vão
surgir com mais frequência, se espalhar mais rapidamente, provocar mais gastos
e matar mais pessoas do que a Covid-19 se não houver uma ação ousada para
interromper a destruição da natureza que ajuda os vírus a saltar da vida
selvagem para os humanos, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira.
A pesquisa sugere que
medidas para proteger as florestas tropicais e outros ecossistemas ricos, de
forma a desacelerar as mudanças climáticas e salvar espécies de animais,
pássaros e plantas, também podem prevenir pandemias.
“Acontece que, ao
fazer algo sobre as pandemias, também estamos fazendo algo sobre as mudanças
climáticas e a biodiversidade, e isso é bom”, disse à Reuters Peter Daszak,
zoólogo que liderou o estudo com 22 especialistas internacionais.
O grupo descobriu que
cerca de metade dos estimados 1,7 milhão de vírus ainda não descobertos na
natureza pode infectar humanos.
Atividades como
comércio de animais selvagens, caça ou a derrubada de florestas para produção
agropecuária podem aproximar humanos e agentes patogênicos.
Os cientistas dizem
que a Covid-19 provavelmente se originou em morcegos e começou a se espalhar
entre humanos em um mercado na China.
A prevenção seria 100
vezes mais barata do que o custo de responder a pandemias, mas os governos
ainda dependem principalmente de medidas reativas, como vacinas, concluiu o
relatório. O estudo pediu uma maior colaboração internacional para reduzir os
riscos.
O custo global
provocado pelo Covid-19 foi estimado em algo entre 8 trilhões e 16 trilhões de
dólares em julho. O custo somente nos Estados Unidos pode chegar a 16 trilhões
de dólares até o final do próximo ano, segundo a pesquisa.
O estudo foi
produzido por um grupo apoiado pelo setor público, a Plataforma
Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos, que tem mais de 130 países-membros.
Especialistas que não
estavam envolvidos na pesquisa endossaram as conclusões. John Spicer, zoólogo
marinho da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, elogiou o enfoque em
pandemias, biodiversidade e clima.
“Mudança
transformativa é o que é necessário e é isso que o relatório apresenta”, disse
Spicer.
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