Pular para o conteúdo principal

A incoerência e injustiça dos apagões de eletricidade no Oeste do Paraná

 

Dilceu Sperafico*

Os apagões no fornecimento de energia elétrica pelas concessionárias do serviço, registrados nos últimas tempos em todo o País, revelam, no mínimo, a precariedade do sistema de distribuição de eletricidade aos consumidores, urbanos e rurais. Os cortes, que muitas vezes se estendem por vários dias, conforme as concessionárias, são causados por temporais, como ventos fortes e chuvas intensas, que derrubam árvores sobre postes e fios e alagam vias e logradouros públicos e imóveis particulares, no campo e nas cidades.

Está certo que a revisão e recuperação das redes de alta e baixa tensão têm custo elevado e demandam tempo para sua execução, mas assim como os consumidores têm prazos determinados para pagar suas contas de consumo, as concessionárias também têm responsabilidades com a manutenção do sistema e fornecimento regular de energia. No Oeste do Paraná, onde os seguidos apagões têm causados grandes prejuízos ao comércio, indústrias, prestadores de serviços e consumidores residenciais nas cidades e enormes perdas nas propriedades rurais, com a morte de suínos, frangos e peixes e desperdício de leite, esses eventos são extremamente contraditórios e injustos.

Isso porque a região é uma das principais produtoras, transformadoras e fornecedoras de alimentos, desde grãos, hortaliças, até proteínas animais e seus derivados, aos consumidores nacionais e exportações. Também sedia a maior geradora de energia renovável do planeta, como é a Usina de Itaipu, cuja construção aconteceu entre os anos de 1975 e 1984, no Rio Paraná, entre o Brasil e o Paraguai, com reservatório de com 1.350 km2, após alagar florestas e áreas agrícolas, especialmente do lado brasileiro.

Com a obra, que abastece maior parte do País, incluindo grandes cidades e centros industriais, como São Paulo, milhares de agricultores perderam terras férteis e legais, onde mantinham matas nativas, lavouras e criações de suínos, aves, peixes e vacas leiteiras, totalizando 1,5 mil km2.

Além disso, o município de Guaíra perdeu uma das principais atrações turísticas e fenômenos naturais do Sul do País, como as Sete Quedas, além de metade da população. Já Santa Helena perdeu um terço de seu território, com áreas agrícolas e pecuárias, vegetação e fauna nativas, produção agropecuária, população, renda e empregos.

Com a construção da maior hidrelétrica do País, os proprietários rurais que tiveram propriedades alagadas receberam indenizações, mas segundo especialistas esses pagamentos equivaleram a apenas 20% do valor efetivo dos imóveis, considerando a produção agropecuária e agroindustrial da região. Já os municípios lindeiros passaram a receber royalties como compensação pela perda de produção agropecuária, com geração de renda, empregos e tributos, mas as quantias repassadas pela hidrelétrica binacional estão distantes de atender as necessidades e aspirações das prefeituras e populações. 

No Oeste do Paraná, produtores rurais que perderam vastas áreas de terras e grande produção agropecuária, também continuam cedendo espaços para torres e redes de distribuição de energia para todo o País, em favor da hidrelétrica e não poderiam estar vendo suínos, frangos e peixes morrendo e leite sendo jogado no lixo em suas propriedades, por falta de energia elétrica e demora da concessionária em consertar e reativar o fornecimento da eletricidade.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

Viver Toledo - Ano 14
Editoria: Wanderley Graeff, Karine Graeff e Juninho Graeff
 (45) 98801-8722
Rua Três de Outubro, 311 – S. 403- Vila Industrial
CEP 85.904-180 – Toledo-PR








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Festa do Porco: Governo do Paraná anuncia R$ 200 milhões para a reconstrução em concreto e implantação de viadutos na rodovia Toledo-Assis

Vice-governador e autoridades com Dr. Sérgio Campagnolo no estande da Rádio Guaçu Wanderley Graeff - Do Viver Toledo O Governo do Paraná vai investir cerca de R$ 200 milhões na reconstrução total da rodovia PR 239/PR-317, que liga Toledo a Assis Chateaubriand. O anúncio da publicação do edital para a obra, que será feita em concreto, foi feito neste domingo (14), pelo secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, na 52ª Festa Nacional do Porco no Rolete, no Clube Caça e Pesca, em Toledo, ao lado do vice-governador Darci Piana; dos secretários Marcio Nunes (Agricultura e Abastecimento), Leonaldo Paranhos (Turismo) e Norberto Ortigara (Fazenda); do prefeito Mario Costenaro, do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Curi, do deputado federal Dilceu Sperafico, do senador Sérgio Moro e de outras autoridades e lideranças.   A obra contemplará a reconstrução total da rodovia, com terceiras faixas, sinalização e adequações; viadutos nos acessos a Toledo, Tupãssi ...

Caça e Pesca já vive atmosfera da 52ª Festa Nacional do Porco no Rolete

Embora a 52ª edição da Festa Nacional do Porco no Rolete ocorra no domingo (14), o clima da maior celebração gastronômica de Toledo já domina as dependências do Clube Caça e Pesca, promotora e anfitriã do evento. Reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município pelo Decreto nº 186/2013 e considerado o maior evento do Brasil dedicado à carne suína, o encontro deve atrair cerca de 20 mil visitantes vindos de diversas regiões do Paraná, de outros estados e até do exterior. Para receber este público, uma verdadeira força-tarefa foi montada. Dezenas de trabalhadores se dedicam à montagem de estandes, restaurantes e quiosques, além da pintura de estruturas, melhorias em vias internas e construção do palco que receberá apresentações e autoridades regionais, estaduais e federais. O espaço será animado pelo espetáculo do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Chama Crioula e por shows musicais: a banda Full Rockers sobe ao palco às 14h, seguida, às 16h, da dupla Adson e Alana, atração vi...

Secretaria de Infraestrutura alerta sobre responsabilidade de calçadas

  A Secretaria da Infraestrutura Rural e Urbana e de Serviços Públicos, após receber constantemente diversas reclamações por ouvidoria sobre a falta de calçada, calçada irregular ou depósito de materiais sobre elas, impedindo a circulação de pessoas, passa orientações à população de Toledo.  A principal é de que a manutenção e conservação da calçada é de responsabilidade do proprietário do imóvel. Os moradores devem se adequar a normas municipais, seguindo modelos e orientações da secretaria. A fiscalização é realizada pela prefeitura. A Fiscal de Obras e Posturas, Jessica Aline Finger comentou sobre a importância de se executar corretamente a calçada. “Isso é crucial para o município pois promove a mobilidade urbana e acessibilidade, garantindo a circulação segura de pedestres, incluindo pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, melhora a qualidade de vida e a segurança pública, fomenta o uso do espaço público e pode contribuir para a valorização imobiliária. Uma calçada b...