Apoio e acolhimento: imigrantes e refugiados conquistam oportunidade de crescimento em empresas brasileiras
Ilo Ba, de 33 anos, é senegalês e chegou ao Brasil em 2015. Professor de francês e inglês formado pela Université Gaston Berger de Saint Louis, veio sozinho em busca de oportunidades para garantir melhores condições à família, que vive no continente africano. O jovem do Senegal faz parte do universo de mais de 180 mil imigrantes e refugiados que estão no mercado de trabalho brasileiro. Um número que, segundo o Observatório das Migrações Nacionais (OBMigra), aumentou em 190% na última década. São profissionais que ainda chegam ao mercado de trabalho por vagas muitas vezes operacionais e sem ligação com a formação de origem, mas que, a partir de muita luta e projetos de apoio, têm conseguido crescer e avançar dentro das empresas.
Com tantas incertezas e sonhos na bagagem, cada oportunidade oferecida pode fazer a diferença para esses profissionais, que buscam construir uma nova carreira e sentem na pele os desafios do processo de imigração. No caso de Ilo, que hoje é operador de máquinas na indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, as oportunidades vieram de muitas mãos.
Superando desafios
Os primeiros anos no Brasil foram desafiadores. Ilo enfrentou barreiras como o idioma novo e as diferenças culturais. “Fiquei totalmente desorientado no início. O processo de adaptação não foi fácil. Quando cheguei ao Brasil, não falava nenhuma palavra em português. Além de outras diferenças, como a comida, as bebidas e até a religião, que também impactou bastante. Sou muçulmano e, por isso, não podia consumir algumas comidas ou bebidas”, relembra.
Depois de trabalhar em uma empresa de fiação e também como servente de pedreiro, em 2020, Ilo conseguiu uma vaga na indústria que fica em Toledo, no Oeste do Paraná. Mas essa jornada do senegalês iria além de uma oportunidade de trabalho. ”Após começar a trabalhar na Prati, surgiu a oportunidade de estudar Farmácia, com uma bolsa oferecida pela empresa. Além do incentivo dos gestores, minha motivação foi saber que, se eu conseguisse terminar a faculdade, a Prati-Donaduzzi me daria oportunidade de crescer profissionalmente. Então, a bolsa e a redução de carga horária me deram a coragem de começar a estudar”, comemora.
Para o diretor de Recursos Humanos da Prati-Donaduzzi, Diones Wolfart, oportunizar o desenvolvimento de um colaborador reforça a cultura organizacional e traz contribuições que vão além dos resultados de cada negócio. "Acreditamos que o investimento na educação é essencial para o desenvolvimento empresarial e a realização pessoal de cada um. O olhar atento para as necessidades específicas de cada colaborador, como foi o caso do Ilo, pode promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e motivador. Cultivar talentos que contribuem com a excelência da empresa ajuda a reter profissionais valiosos e a gerar equipes em que a inovação e a excelência são naturais”, explica.
Atualmente, a indústria conta com 42 imigrantes em seu quadro de colaboradores. A nacionalidade com mais representantes é a venezuelana, seguida pelos profissionais vindos do Paraguai e do Haiti.
Apoio para reencontro com família
Assim que entrou na nova faculdade, Ilo pôde contar com outra fonte de apoio. A professora Letycia Lopes Ricardo, docente do curso de graduação em Farmácia e coordenadora do Comitê de Ética em Seres Humanos da Faculdade Biopark, foi essencial para o desenvolvimento e adaptação do jovem. “Eu fui professora dele no segundo e terceiro semestres. Assim que soube que ele era estrangeiro, comecei a me aproximar dele, aula por aula. Ele é um aluno fantástico, tem uma facilidade de aprendizado única. É uma daquelas pessoas que temos prazer em ajudar a vencer na vida”, se emociona a professora.
Letycia foi responsável por realizar uma vaquinha on-line que ajudou Ilo a voltar para o Senegal, para um reencontro que provavelmente só aconteceria após a formatura. Com o apoio dos colegas e da professora, depois de sete anos longe da família, ele conseguiu a quantia necessária para rever seu país e familiares. “Quando eu dava aula para a turma, ele comentou que não ia para casa dos pais, no Senegal, há sete anos. Organizamos uma vaquinha on-line e, em janeiro de 2023, Ilo pôde visitar os pais. Ele nos mandou várias fotos, fizemos chamada de vídeo com a família dele, foi lindo poder ajudar a realizar esse momento”, relembra.
Próximos passos
Para o futuro, Ilo deseja finalizar o curso, desenvolver novas competências para continuar progredindo na carreira e realizar o sonho de proporcionar uma vida confortável para a família. “Eu me vejo daqui para frente cumprindo meu objetivo como profissional. Também quero contribuir para o bem de todos e, principalmente, da minha família. Pretendo colaborar com o êxito da empresa e, futuramente, gostaria de trabalhar na área de pesquisa”, conclui.
Viver Toledo - Ano 15
Editoria: Wanderley Graeff - Karine Graeff
(45) 98801-8722
Rua Três de Outubro, 311 – S. 403- Vila Industrial
CEP 85.904-180 – Toledo-PR
Comentários
Postar um comentário