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Medidas de Donald Trump deixam safras sem colheita nos Estados Unidos

Dilceu Sperafico*
As restrições à imigração, com prisão e deportação de imigrantes do mundo inteiro, além de tarifaços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão começando a apresentar seus altos custos à própria economia e bem-estar da população daquele país. No Estado da Califórnia, por exemplo, produtores rurais que geram bilhões de dólares em frutas e verduras todos os anos, que em grande parte eram colhidas manualmente por imigrantes, estão agora vendo a produção de suas plantações apodrecerem por falta de mão-de-obra para a colheita. Tudo começou com
batidas na região realizadas por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), no início de junho último, como parte da repressão migratória do presidente Trump, que assustou os trabalhadores. Segundo os próprios produtores, nas lavouras da Califórnia 70% dos trabalhadores tradicionais foram embora e se 70% da força de trabalho não retornarem, 70% das safras não serão colhidos e irão estragar em pouco tempo.
Ocorre que a maioria dos norte-americanos não quer fazer esse trabalho e grande parte dos produtores da região mal está conseguindo sobreviver e teme que a atual situação tenha criado ponto de inflexão no qual muitos irão à falência. Nas vastas terras agrícolas da Califórnia ao Norte de Los Angeles, agricultores, supervisores de campo e trabalhadores rurais imigrantes afirmam que as batidas do ICE levaram a maioria dos trabalhadores a desaparecer. Com isso, as plantações não estão sendo colhidas e as frutas e verduras apodrecendo na época de pico da colheita.
Supervisor de granja mexicano trabalhando na Califórnia, responsável por área de cultivo que vinha sendo preparada para o plantio de morangos e onde havia 300 trabalhadores, conta que restaram só 80. Outro supervisor de granja disse que normalmente tinha 80 trabalhadores na lavoura e sobraram somente 17.
Conforme especialistas, a maioria de economistas e políticos reconhece publicamente que muitos dos trabalhadores agrícolas dos Estados Unidos estão no país ilegalmente, mas afirmam que a redução acentuada desse número pode ter impactos devastadores na cadeia de suprimento de alimentos e nas economias dos cinturões agrícolas do país. Segundo eles, cerca de 80% dos trabalhadores agrícolas nos EUA são nascidos no exterior e quase metade está ou estava no país ilegalmente. A perda deles causará aumentos dos preços de muitos alimentos, o que será péssimo para os consumidores e todo o setor agrícola. Mais de um terço dos vegetais dos EUA e mais de três quartos das frutas e nozes são cultivados na Califórnia, de acordo com o Departamento de Alimentos e Agricultura do Estado. As propriedades e granjas do Estado geraram quase 60 bilhões de dólares em vendas agrícolas em 2023. Alguns grupos comunitários de trabalhadores rurais dizem que muitos ainda estão tentando retornar ao trabalho no campo, apesar das batidas, por necessidade econômica. Nos dias que se seguem às batidas pode haver diminuição da presença nas lavouras, mas alguns trabalhadores retornam depois porque não têm outras fontes de renda. Os trabalhadores também estão adotando outras medidas para reduzir sua exposição aos agentes de imigração, como pegar carona com pessoas com status legal para trabalhar. O próprio presidente Trump admitiu que batidas do ICE "tiraram trabalhadores muito bons e de longa data", e "nossos fazendeiros estão sendo muito prejudicados”.
 
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
E-mail: dilceu.joao@uol.com.br
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