Pular para o conteúdo principal

Os efeitos no ano e na história do clima adverso no agronegócio

 

Dilceu Sperafico*

As perdas de partes, da totalidade ou grandes parcelas de safras e de investimentos de agricultores existem desde que a agropecuária começou a se expandir no planeta. Até porque esse crescimento abrangeu novas áreas de lavouras, pastagens, estruturas de armazenagem de safras e insumos, residências dos produtores, seus familiares e colaboradores e abrigo de máquinas e equipamentos, expandindo na mesma proporção os espaços com riscos de enchentes, secas, vendavais, temporais de granizo e outras adversidades do clima.  

De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com abrangência global, no período de 1991 a 2021, maior parte dos prejuízos do agronegócio se deveu às mudanças climáticas, atingindo o equivalente a 6,8 milhões de hectares de áreas cultivadas no período e somando 3,4 milhões de hectares anuais em todo o planeta. As previsões de instituições especializadas indicam que com a chegada do El Niño em 2023, após três anos sob efeitos de La Niña, os efeitos climáticos serão positivos e/ou negativos em diversas atividades e espaços da agricultura do planeta, incluindo a extensa agropecuária brasileira.

O estudo mostrou que as perdas em hectares de lavouras corresponderam a 1,6% da área média de cultivo no Brasil no período estudado, mas, em alguns Estados, os danos foram mais expressivos, como em Pernambuco, com 20,1%; Sergipe, 16,4%; e Rio Grande do Norte, 13,8%. Na agricultura, o Rio Grande do Sul foi o mais prejudicado, com perdas de 38,5 bilhões de reais, o que equivale a 21% do total. Na sequência ficaram o Paraná, com 26,3 bilhões de reais e Minas Gerais, com 24,8 bilhões de reais.

Na pecuária, por sua vez, as secas no Nordeste destruíram 56% das pastagens e bebedouros, mas na região os maiores danos ocorreram na Bahia, com perdas de 14,73 bilhões de reais. Minas Gerais contabilizou os maiores prejuízos da atividade no País, com prejuízos de 16,58 bilhões de reais. Já o excesso de chuvas afetou mais produtores do Centro-Oeste e do Sul. Na pecuária, as chuvas afetaram especialmente Mato Grosso do Sul, com perdas de 1,3 bilhão de reais e Minas Gerais, com prejuízos de 1,5 bilhão de reais.

Para reduzir e/ou controlar os efeitos do clima adverso, o Conselho Monetário Nacional (CMN), cita mecanismos de prevenção e gestão de riscos, como construção de cisternas, uso da irrigação e seguro rural. Mas, além disso, é fundamental que produtores invistam em meios de descarbonizar o negócio, utilizando, por exemplo, fontes de energia renováveis, e optando por recursos naturais de maneira consciente. Entender a natureza e a dimensão desses impactos é determinante para a adoção de políticas de combate ao aquecimento global.

Já o El Niño é fenômeno cíclico global que acontece há milênios. Trata-se do aquecimento anormal da água no Oceano Pacífico, ocasionando efeitos adversos de clima em diferentes regiões. Para o Brasil, a elevação de temperatura ocorre principalmente no Sudeste e Centro-Oeste. O El Niño é considerado forte com aquecimento das águas superior a 1,6ºC, e muito forte quando supera 2,0ºC. Não custa lembrar também que já nos anos 70, Toledo e o Oeste do Paraná registravam secas de sete meses seguidos e enchentes que destruíam todas as pontes de estradas rurais, com grandes perdas para o agronegócio e o Poder Público.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

Viver Toledo - Ano 14
Editoria: Wanderley Graeff, Karine Graeff e Juninho Graeff
 (45) 98801-8722
Rua Três de Outubro, 311 – S. 403- Vila Industrial
CEP 85.904-180 – Toledo-PR




 








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O fenômeno das redes que transformou o Boteco do Mosquito numa das churrascarias mais conhecidas do Brasil

Jovens clientes de Chapecó-SC com o Mosquito Uma das churrascarias mais badaladas do Brasil não faz alusão direta no nome às carnes de alta qualidade ali servidas. E tampouco, tem estilo das churrascaria tradicionais, antes de um boteco em estilo rústico, com chão de cimento e onde a simplicidade contrasta com o luxo de ambientes com decoração cara ou mesmo em relação às mesas, bancos e cadeiras. A singularidade do ambiente é uma marca registrada, assim como o fenômeno que transformou um estabelecimento em um grande sucesso. Valdir Wilhems é o nome por trás de um apelido que se tornou icônico nas redes sociais e que dá nome ao Boteco do Mosquito.  De quebra, o empresário que atuou a vida toda no ramo da gastronomia, ainda se tornou o Embaixador do Turismo de Toledo, somando-se à tradicional Festa do Porco no Rolete e o título que dá orgulho a Toledo de  “ Capital do Agronegócio do Paraná ”, como uma marca registrada do município.      “Faz dois anos que eu tinha...

A primeira nunca se esquece: Oeste Brasil vence e lidera grupo do Paranaense Sub -20

Elenco do Oeste Brasil comemora primeiro triunfo “A primeira vez a gente nunca esquece.” Um antigo ditado vale como uma analogia para uma experiência vivenciada. E se o momento é positivo, o sentimento de satisfação traz consigo uma descarga de adrenalina. Essa boa sensação foi experimentada neste sábado (14) por atletas e seus familiares, comissão técnica, diretores, conselheiros e torcedores do Oeste Brasil Futebol Clube.   Em seu ano de estreia numa competição oficial de base, o Campeonato Paranaense Sub-20 – 2ª Divisão, foi no terceiro jogo que o Leão do Oeste obteve a primeira vitória de sua história recente – 2 a 0 sobre o Nacional, em partida disputada no Estádio Odair Silvestre, em Piquirivaí, distrito de Campo Mourão. Carlos Eduardo em cobrança de penalidade e Gabriel Boquinha fizeram os gols do Oeste Brasil.   O time toledano vinha de dois empates e agora soma 5 pontos na liderança do Grupo B da competição, seguido por União de Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu, que ...

Saúde confirma 1.397 novos casos e 85 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou nesta quarta-feira (18) o novo Informe Epidemiológico com dados atualizados sobre os vírus respiratórios que circulam no Paraná. O boletim apresenta um panorama geral da situação no Estado, com o objetivo de reforçar a vigilância e o monitoramento da Síndrome Gripal (SG) e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).   O informe desta semana mostra um aumento de 1.397 novos casos de Srag (12%) e 85 óbitos (14%) em comparação ao informe anterior, que registrava 12.011 casos e 598 mortes.   As informações são referentes a pessoas que apresentaram sintomas entre 29 de dezembro de 2024 e 14 de junho de 2025. Nesse intervalo, foram registrados 13.408 casos de Srag com hospitalização e 683 óbitos por síndromes respiratórias graves. Entre os casos confirmados, 1.751 foram por Influenza, 567 por Covid-19, 3.400 por outros vírus respiratórios, 5.327 como Srag não especificada, 58 por outros agentes etiológicos e 2.305 ainda estão em inves...