Pular para o conteúdo principal

Mais um grande e merecido prêmio para o agronegócio do Paraná

Dilceu Sperafico*         

O agronegócio do Paraná tem nova e importante conquista para comemorar. Trata-se do World Food Prize (WFP) ou Prêmio Mundial da Alimentação, considerado o “Nobel da Agricultura”, com abrangência internacional. Foi concedido à microbióloga Mariângela Hungria, que trabalha há mais de 40 anos na unidade da Embrapa/Soja, com sede em Londrina. Ela atua em pesquisas de insumos biológicos para melhorar a fixação de nitrogênio em lavouras de soja e reduzir o uso de produtos químicos e foi a 1ª cientista e 1ª mulher brasileira a conquistar a homenagem, que receberá em solenidade no dia 23 outubro deste ano, nos Estados Unidos. A bactéria desenvolvida pela pesquisadora forma nódulos nas raízes das plantas, que funcionam como espécie de fertilizante nitrogenado. A pesquisadora é paulista de nascimento, trabalha na Embrapa desde 1982 e já na infância queria trabalhar com alimentos quando crescesse, o que a levou para a área da pesquisa.

A premiação é fruto do seu trabalho no desenvolvimento de insumos biológicos para melhoramento de lavouras de soja no Paraná. Para isso, identificou e selecionou bactérias que, como inoculante, ajudam lavouras da leguminosa a fixar nitrogênio, nutriente essencial para o desenvolvimento e aumento da produção das plantas. Mariângela relatou que sempre acreditou no poder de microrganismos para transformar a agricultura em atividade mais produtiva, competitiva e sustentável. “Não tenho dúvidas de que não fosse a fixação biológica de nitrogênio da soja, hoje não seríamos os maiores produtores e exportadores do grão e derivados do mundo, porque seu cultivo seria inviável economicamente”, afirmou a pesquisadora. No início, e por muitos anos, ouvia que a pesquisa seria sem futuro, pois grandes produções só seriam possíveis com maior uso de fertilizantes químicos, mas seguiu acreditando e pesquisando.

Na verdade, a associação de bactérias com as plantas é motivo de pesquisas há mais de um século no mundo e no Brasil os estudos começaram com expansão comercial da soja na década de 1960. Não avançaram até que no início dos anos 1990, a pesquisadora assumiu o desafio. Ela começou o trabalho verificando o melhor desempenho das bactérias presentes e como elas deveriam ser utilizadas. “Havia o plantio direto, que ainda era pouco na década de 1960, com tratamento de sementes com outros agrotóxicos e se buscava compatibilidade entre cultivares para obter rendimento maior. Nosso desafio foi verificar se essas bactérias davam conta do planejado”, explicou Mariângela. Felizmente conseguiu selecionar microrganismos eficientes e tecnologias que permitiram alto rendimento e baixo custo por vias biológicas.

Para que bactérias sobrevivam e se multipliquem até chegarem às lavouras do agricultor, são colocadas em saco líquido, desenvolvido na Embrapa. O produto é inoculante e misturado à semente da soja no plantio. Atualmente a inoculação é adotada em cerca de 85% da área cultivada com soja no País, o que corresponde a cerca de 40 milhões de hectares. Apenas em 2024, a tecnologia propiciou economia estimada em 140 bilhões de reais nos custos das plantações. Isso porque o nitrogênio químico, base de fertilizantes como a ureia, é produto químico caro e importado. Produzi-lo de forma biológica, pode garantir vantagens além das econômicas, como melhora do solo, alimentos mais nutritivos e redução da emissão de gases de efeito estufa.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

Viver Toledo - Ano 16
Por quem faz jornalismo há 46 anos
Editoria
Wanderley Graeff - 45 98801-8722
Karine Graeff - 45 98811-1281
Juninho Graeff - 45 99854-3812
Rua Três de Outubro, 311 – S. 403- Vila Industrial
CEP 85.904-180 – Toledo-PR








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O fenômeno das redes que transformou o Boteco do Mosquito numa das churrascarias mais conhecidas do Brasil

Jovens clientes de Chapecó-SC com o Mosquito Uma das churrascarias mais badaladas do Brasil não faz alusão direta no nome às carnes de alta qualidade ali servidas. E tampouco, tem estilo das churrascaria tradicionais, antes de um boteco em estilo rústico, com chão de cimento e onde a simplicidade contrasta com o luxo de ambientes com decoração cara ou mesmo em relação às mesas, bancos e cadeiras. A singularidade do ambiente é uma marca registrada, assim como o fenômeno que transformou um estabelecimento em um grande sucesso. Valdir Wilhems é o nome por trás de um apelido que se tornou icônico nas redes sociais e que dá nome ao Boteco do Mosquito.  De quebra, o empresário que atuou a vida toda no ramo da gastronomia, ainda se tornou o Embaixador do Turismo de Toledo, somando-se à tradicional Festa do Porco no Rolete e o título que dá orgulho a Toledo de  “ Capital do Agronegócio do Paraná ”, como uma marca registrada do município.      “Faz dois anos que eu tinha...

A primeira nunca se esquece: Oeste Brasil vence e lidera grupo do Paranaense Sub -20

Elenco do Oeste Brasil comemora primeiro triunfo “A primeira vez a gente nunca esquece.” Um antigo ditado vale como uma analogia para uma experiência vivenciada. E se o momento é positivo, o sentimento de satisfação traz consigo uma descarga de adrenalina. Essa boa sensação foi experimentada neste sábado (14) por atletas e seus familiares, comissão técnica, diretores, conselheiros e torcedores do Oeste Brasil Futebol Clube.   Em seu ano de estreia numa competição oficial de base, o Campeonato Paranaense Sub-20 – 2ª Divisão, foi no terceiro jogo que o Leão do Oeste obteve a primeira vitória de sua história recente – 2 a 0 sobre o Nacional, em partida disputada no Estádio Odair Silvestre, em Piquirivaí, distrito de Campo Mourão. Carlos Eduardo em cobrança de penalidade e Gabriel Boquinha fizeram os gols do Oeste Brasil.   O time toledano vinha de dois empates e agora soma 5 pontos na liderança do Grupo B da competição, seguido por União de Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu, que ...

Saúde confirma 1.397 novos casos e 85 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou nesta quarta-feira (18) o novo Informe Epidemiológico com dados atualizados sobre os vírus respiratórios que circulam no Paraná. O boletim apresenta um panorama geral da situação no Estado, com o objetivo de reforçar a vigilância e o monitoramento da Síndrome Gripal (SG) e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).   O informe desta semana mostra um aumento de 1.397 novos casos de Srag (12%) e 85 óbitos (14%) em comparação ao informe anterior, que registrava 12.011 casos e 598 mortes.   As informações são referentes a pessoas que apresentaram sintomas entre 29 de dezembro de 2024 e 14 de junho de 2025. Nesse intervalo, foram registrados 13.408 casos de Srag com hospitalização e 683 óbitos por síndromes respiratórias graves. Entre os casos confirmados, 1.751 foram por Influenza, 567 por Covid-19, 3.400 por outros vírus respiratórios, 5.327 como Srag não especificada, 58 por outros agentes etiológicos e 2.305 ainda estão em inves...