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Como fazer da inclusão social um ativo real no ambiente corporativo

A experiência do Sicredi mostra que, quando o pensamento e a atitude inclusiva são parte da cultura organizacional, a inclusão deixa de ser discurso e se torna resultado

O Brasil possui 14,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, de acordo com o Censo de 2022 do IBGE. São crianças, jovens e adultos com dificuldade para enxergar, se locomover ou ouvir, que ainda enfrentam barreiras físicas e de comunicação em tarefas cotidianas. O Dia da Inclusão Social, celebrado em 10 de dezembro, reforça a necessidade de ações que garantam equidade nas oportunidades, sobretudo para grupos historicamente marginalizados.

No ambiente corporativo, inclusão, diversidade e equidade deixaram de ser apenas compromissos éticos e passaram a representar vantagem competitiva. O relatório Diversity Matters (2023), da consultoria McKinsey & Company, mostra que, quando valores de inclusão estão consolidados na cultura organizacional, eles influenciam processos de contratação, elevam a motivação das equipes e ampliam oportunidades de negócios. Além disso, a organização passa a ser percebida como diversa.

Esse entendimento orienta o trabalho do Sicredi nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Com 15 mil colaboradores distribuídos em 30 cooperativas, a instituição criou, em 2019, o Comitê de Inclusão, Diversidade e Equidade, marco que colocou o tema no centro da cultura organizacional. Desde então, mais de 3 mil colaboradores participaram de letramentos sobre o tema, e cerca de 10 mil foram impactados por conteúdos sobre a agenda de inclusão, diversidade e equidade, a partir dos programas de formação oferecidos no Espaço de Educação Padre Theodor Amstad, que contam com o apoio e o incentivos da presidência e da diretoria da Central Sicredi PR/SP/RJ. “O tema passou a integrar os programas de formação de gerentes, assessores e equipes de atendimento, pois o entendemos como uma pauta transversal no Sicredi”, afirma a gerente de governança  e coordenadora voluntária do Comitê de Inclusão, Diversidade e Equidade da Central, Suzane de Almeida.

Inclusão na prática

A Sicredi Vanguarda PR/SP/RJ foi pioneira ao aderir ao movimento em 2019. Hoje, onze cooperativas da Central contam com seus próprios Comitês de Inclusão, Diversidade e Equidade. Para Suzane, o avanço dos últimos anos veio da autonomia dada às cooperativas para compreenderem suas realidades e estruturarem ações alinhadas às necessidades locais. Um exemplo é a oferta de formação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) oferecida aos colaboradores interessados, que ampliou a capacidade de atendimento a associados e potenciais novos sócios com deficiência auditiva.

Outro caso emblemático é o da Sicredi Valor Sustentável PR/SP, que colocou a inclusão em prática ao criar, em parceria com a APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) de Jandaia do Sul/PR, o projeto Juntos pela Inclusão. A iniciativa insere, no ambiente corporativo, profissionais com deficiência que atuam de forma estruturada dentro da própria APAE, desenvolvendo atividades de endomarketing. Com o salário e os benefícios ofertados ao colaborador com deficiência, em alguns lares ele tem se tornado o principal mantenedor da casa. Houve uma “inversão” do papel nas estruturas familiares, em que antes, pelas limitações impostas pelo capacitismo (preconceito com a pessoa com deficiência), essa pessoa era apenas coadjuvante e, nesse contexto, torna-se protagonista da sua história e de sua família. A ação promove, além da inclusão, a dignidade social. O propósito do projeto Juntos pela Inclusão é incentivar autonomia, autoestima e acesso ao mercado de trabalho, criando, na cooperativa, condições para acolher esses colaboradores — e não o contrário. “A evolução deles é visível. Eles se sentem importantes para a comunidade e têm orgulho de dizer que trabalham no Sicredi. Isso é inclusão: nós criamos a oportunidade”, afirma a gerente de Pessoas e Cultura da Cooperativa, Juliana Jacovozzi Tortorelli.

Na Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP, a inclusão se materializou em mudanças estruturais. A agência adaptou a arquitetura para atender um associado com nanismo, instalando plataformas retráteis, degraus nos totens de senha e um caixa eletrônico reciclador que possibilita o autoatendimento. “Pequenas mudanças geraram grande impacto. Hoje vemos a autonomia do associado e o sentimento de acolhimento. Isso reforça nosso compromisso com a sociedade”, comenta o gerente de Agência II, João Gustavo Bon Ami Teixeira.

Os desafios da inclusão

Para Suzane, um dos principais obstáculos no avanço da agenda de inclusão, diversidade e equidade é a falta de compreensão sobre o que realmente significam os temas, por isso a relevância do movimento interno de letramento promovida pela Central e por suas cooperativas. “O desconhecimento conceitual e prático das temáticas costuma gerar insegurança nos agentes que o aplicam e dificultam o avanço de ações afirmativas que promovem transformação ”, explica. Outro desafio é estabelecer metas claras e compromissos públicos para avançar na agenda — traduzir em números e indicadores algo que, muitas vezes, é percebido como intangível.

Nos últimos anos, o Sicredi vem estruturando ações em âmbito nacional para enfrentar esses desafios de maneira sistêmica. Em 2022, a instituição lançou as Diretrizes Sistêmicas de ID&E, buscando o desenvolvimento sustentável da pauta de forma estruturada e integrada por meio de quatro dimensões: Institucional; Pessoas; Soluções Financeiras e Soluções Não Financeiras. O documento orienta todo o sistema na adoção de boas práticas e no enfrentamento dos principais pontos sensíveis das pautas. 

Para além desse movimento, em todo o Brasil o Sicredi desenvolve iniciativas voltadas à comunidade, como o Comitê Mulher — que promove equidade de gênero e empoderamento feminino na gestão cooperativa — e o Comitê Jovem, voltado ao fortalecimento da liderança e do protagonismo entre os jovens. Em 2024, os Comitês Mulher registraram mais de 4,2 mil participantes, com 581 coordenadoras de núcleo e 60 conselheiras eleitas. Já os Comitês Jovem reuniram mais de 2 mil integrantes, dos quais 94 foram eleitos coordenadores de núcleo e quatro se tornaram conselheiros.

A instituição também trabalha para integrar ID&E de forma transversal ao negócio, aproximando a pauta de sua marca, produtos e serviços. Entre os avanços recentes estão a cartilha e o curso de atendimento inclusivo nas agências; o Crédito Acessibilidade, destinado ao financiamento de tecnologias assistivas; e o atendimento em Libras por videochamada, realizado com intérpretes habilitados e acessado diretamente via WhatsApp.

Suzane reforça que muito se fez até agora e ainda há muito para avançar — e o Sicredi reconhece isso. “Transformação social é um de nossos compromissos. Olhando para 2026, queremos reforçar a relevância desse tema e manter o engajamento das pessoas, sempre alinhado à essência do cooperativismo”, conclui.

Sobre o Sicredi 

O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida com o crescimento de seus associados e com o desenvolvimento das regiões onde atua. Possui um modelo de gestão que valoriza a participação dos mais de 9,5 milhões de associados, que exercem o papel de donos do negócio. Com mais de 3 mil agências, o Sicredi está presente fisicamente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, disponibilizando uma gama completa de soluções financeiras e não financeiras.

Viver Toledo - Ano 16
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